terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pedro Póvoa
Graduando em Educação Física no Centro Universitário Plínio Leite
Niterói/RJ - 2006



- "Mas Doutor, o senhor me manda fazer exercício físico, eu não agüento nem andar! Quanto mais correr, nadar"...


Qual médico que nunca ouviu essa frase? Qual profissional de educação física ou fisioterapeuta que nunca vivenciou esse drama?

Nos últimos 20 anos fomos capazes de observar novos inventos tecnológicos, descobertas científicas e avanços da medicina, porém, junto com eles vieram novas doenças, doenças ainda desconhecidas por origem, prognóstico, tratamentos e cura. A fibromialgia é uma doença que afeta hoje cerca de 5% da população mundial, acometendo principal-mente mulheres sedentárias, acima de 40 anos e pessoas de cor clara, caracterizando-se por dores agudas e crônicas, fadiga, distúrbios do sono, entre outros sintomas. O termo fibromialgia vem do latim fibro (tecido fibroso, ligamentos, tendões), do grego mia (tecido muscular), algos (dor) e ia (condição), ou seja, condição de dor proveniente de músculos, tendões e ligamentos.

"Não são muito claros os mecanismos de desenvolvimento da Fibromialgia, mas os achados laboratoriais são bem expressivos, pois apontaram atrofia das fibras musculares tipo II, edema focal, alterações mitocôndriais, diminuição das concentrações de glicogênio e hipóxia das fibras musculares causadas por alterações da microcirculação (Yunus e Kalian - Raman, 1989; Bengtsson e Henriksson, 1989)."

Os portadores de tal síndrome normalmente apresentam dificuldade em relacionar a localização da dor, se é muscular, articular, nos ossos, e muitas vezes quando perguntado pelo médico o local da dor, escuta-se "Doutor, dói tudo"! Por vezes essas reclamações são consideradas como distúrbios emocionais por alguns profissionais por dois motivos: 1. desconhecimento da doença e 2. pela doença até o presente momento não obter nenhum exame laboratorial que indicaria tal patologia e justificaria tais sintomas.

A fibromialgia é uma doença real, com dores reais, não possuindo apenas caráter psíquico (apesar de por vezes iniciar-se com um quadro de depressão ou vir a desenvolver tal quadro com a doença) e, se não tratada adequadamente, pode causar uma significativa queda na qualidade de vida de seu portador. Ainda não tem cura e quando diagnosticada por exame clínico, o tratamento é normalmente farmacológico (antidepressivos, analgé-sicos, miorrelaxantes e etc), sono de qualidade e exercícios aeróbios. Os remédios têm o objetivo de amenizar os sintomas e promover o bem estar dos pacientes, permitindo-os que executem atividades físicas regulares que são fundamentais no tratamento da patologia.

Durante a solicitação de trabalho físico podemos perceber que os portadores da doença têm músculos fracos e que fadigam com facilidade, sendo indicados exercícios de alongamento, fortalecimento muscular e flexibilidade associados a exercícios aeróbios, ambos iniciando gradativamente e se possível numa intensidade que não gere ou gere dor suportável, onde a intensidade do exercício é aumentada progressivamente com o passar da adaptação fisiológica ao treinamento respeitando o limiar de dor da pessoa.

O exercício físico aeróbio é normalmente mais indicado que o anaeróbio em pessoas com fibromialgia, pois o primeiro libera potencialmente mais endorfinas, hormônio este que quando presente em "boas doses" no organismo permite-nos uma sensação de prazer, bem estar, euforia e até mesmo analgesia.

Na fibromialgia não existe uma melhor modalidade esportiva, e respeitando o princípio da individualidade biológica, caracterizando que cada portador é diferente de outro portador e que os mesmos são também diferentes das pessoas não-portadoras, a melhor modalidade de exercício é aquela a qual o indivíduo sente mais prazer durante e após a realização, seja ela caminhada, corrida, natação ou outra. O que importa e tem valor inestimável é ouvir do aluno ou cliente: -"Realmente está funcionando, me sinto muito melhor"!

Referências:

Adamas, N.& Sim, Julius. Rehabilitation approaches in fibromyalgia. Disability and Rehabilitation, June 2005, 27(12): 711-723
Richards, S.C.M., Scott D.L. Prescribed exercice in people with fibromyalgia: parallel group randomised controlled trial. BMJ July 2002; 325: 1-4.
Copyright © 2006 Bibliomed, Inc. 10 de Agosto de 2006.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009


Estudo sobre fibromialgia diz que dor não é só emocional

Dores difusas, crônicas e muitas vezes incapacitantes são o principal sintoma da fibromialgia, uma síndrome freqüentemente confundida com artrite e sobre a qual há muita controvérsia.

Pesquisadores da Universidade de Michigan parecem ter colocado um ponto final num antigo debate em que um dos lados argumentava que os sintomas dolorosos seriam manifestações de caráter puramente emocional, sem alterações orgânicas subjacentes. "A dor da fibromialgia é real", afirma Richard Harris, autor de uma revisão, publicada na Current Pain and Headache Reports, que compila os estudos recentes sobre a fisiopatologia, a neurobiologia e a genética dessa condição.

Segundo ele, há quantidade suficiente de evidências que mostram que a fibromialgia é caracterizada por um limiar mais baixo da dor, associado a fatores genéticos que tornam algumas pessoas mais suscetíveis ao problema. A fibromialgia afeta cerca de 4% da população (a maioria mulheres), corresponde a até 20% dos pacientes na clínica reumatológica e é mais comum entre pessoas com nível social mais alto.

Um dos estudos citados na revisão foi feito pelo próprio Harris e revelou diferenças entre o cérebro de pacientes com fibromialgia e o de pessoas saudáveis por meio de ressonância magnética funcional e tomografia por emissão de pósitrons. "Nos pacientes, as estruturas que codificam e transmitem os sinais de dor estavam hiperativas", diz o pesquisador. Outro estudo, publicado na Science em 2003, mostrou pequenas variações no gene que codifica uma enzima chamada Comt, cuja atividade está ligada a emoções relacionadas à dor e à tolerância aos estímulos dolorosos. Outro estudo demonstrou que mutações nesse gene favorecem o desenvolvimento de um distúrbio na articulação da mandíbula, condição comum em quem tem fibromialgia.

Se a revisão dos pesquisadores salienta detalhes neurobiológicos, eles não negam, porém, que aspectos emocionais desempenhem algum papel. Os reumatologistas estão habituados a casos em que o problema é deflagrado por traumas físicos ou psíquicos. Por outro lado, é comum a fibromialgia vir acompanhada de alterações de humor, o que agrava ainda mais o quadro de dor.

Fonte: Revista Mente e Cérebro (on line)
Edição: A.C.L
24.01.2007

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

benefÍcios da atividade fÍsica para a fibromialgia

A fibromialgia é uma síndrome dolorosa crônica não inflamatória, caracterizada pela presença de dor músculo-esquelética (músculos, tendões e ligamentos), ou seja, dor pelo corpo todo e com múltiplos pontos dolorosos à palpação


Envolve inúmeras manifestações clínicas como indisposição, fadiga, dor, distúrbios do sono, depressão e ansiedade. Pessoas com quadro de fibromialgia provavelmente terão sua vida social abalada, o trabalho prejudicado e qualidade de vida deficiente.

Sintomas da doença incluem alterações de humor e diminuição da atividade física, o que acaba agravando o quadro de dor. A população mais atingida são mulheres de 30 a 50 anos, embora crianças e adultos também possam apresentar fibromialgia.

A atividade física é o ponto alto no

tratamento contra a fibromialgia, sendo assim, pessoas portadoras dessa doença não podem se dar ao luxo de não se exercitar. A atividade física promove um relaxamento nos locais afetados, bem como uma melhora dos sintomas e da qualidade de vida.

“A caminhada é a atividade física mais indicada pois com ela consegue-se o que é necessário para amenizar a dor e ganhar confiança no dia a dia”


Exercícios de relaxamento e alongamento são importantíssimos bem como a postura correta no trabalho, em repouso, nas atividades de lazer e o condicionamento físico para fortalecer o sistema cardiovascular, elevando assim a capacidade respiratória e aumentando a musculatura e a força.

Esse condicionamento é obtido através de um treinamento progressivo em que a carga de esforço cresce de acordo com a capacidade cardiovascular de cada pessoa, o que favorece a mobilidade de grupos musculares que se encontram em contração prolongada, promove o alongamento dos tendões e melhora o equilíbrio durante a caminhada, fazendo com que a pessoa se sinta melhor e mais saudável.

Os exercícios devem ser iniciados lentamente, respeitando o limite de cada pessoa e depois devem ser aumentados gradativamente até cerca de 30 minutos. Nem sempre o resultado é imediato, podendo levar até 1 ano para se obter os benefícios, por isso
deve-se começar o quanto antes. Esses exercícios devem ser realizados sempre pela manhã, prevenindo-se contra a sobrecarga e esforços repetitivos durante o dia todo.

As atividades aquáticas como a natação e a hidroginástica devem ser realizadas sempre em piscina aquecida, pois a água fria contrai ainda mais a musculatura causando mais dor. A caminhada é a atividade física mais indicada pois com ela consegue-se o que é necessário para amenizar a dor e ganhar confiança no dia a dia.

Aqueça-se antes de iniciar sua atividade física para que haja uma melhora no aporte sanguíneo para os músculos e tendões, adequando a freqüência cardíaca e respiratória. Com isso ocorre melhora na resistência física para os exercícios ou mesmo para as atividades diárias, que são o mais importante.

Os alongamentos vem depois para promover o equilíbrio, coordenação motora e amenizar a dor. Os exercícios de resistência são importantes para o condicionamento cardiovascular, controle de peso e fortalecimento muscular. E por fim o relaxamento tem sua vital importância, pois visam desacelerar o organismo para retornar à sua rotina.

Fazer exercícios físicos é uma medida saudável e importante para o portador dessa doença e seus benefícios são comprovados, então comece hoje mesmo! O início é sempre um desafio à vencer!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009


Dores musculares localizadas na fibromialgia – a dor miofascial

A fibromialgia é entendida como um quadro de dor difusa, manifestada especialmente na musculatura. Este é um conceito importante, pois não se pode fazer o diagnóstico da fibromialgia em pessoas que têm dor em somente uma parte do corpo, mesmo que esta dor seja crônica.

Porém, existe um tipo de dor crônica localizada que o paciente com fibromialgia deve estar bem familiarizado e orientado de como lidar: a dor miofascial.

O que é isto? Bem, a dor miofascial é provavelmente uma das causas mais comuns de dor localizada. É aquele ponto na musculatura que está tão contraído que o músculo forma um verdadeiro nó, ou “caroço”. A maioria das pessoas tem ou terá um destes pontos em alguma ocasião de suas vidas. Os mais típicos aparecem no pescoço ou nos ombros, quando se está tenso, mas eles podem aparecer em qualquer músculo do corpo.

Estes “caroços” recebem o nome técnico de “pontos-gatilho”. Eles são assim chamados porque, quando estimulados, “disparam” uma dor irradiada que segue o trajeto do músculo. Eles são diferentes dos pontos dolorosos na fibromialgia, que simplesmente são locais de maior sensibilidade à dor, e que não apresentam dor irradiada à distância. A diferenciação dos dois no mesmo paciente pode ser difícil, mas um médico experiente pode identificá-los e individualizá-los.

Qual a importância destes pontos? Quando o paciente não é portador de fibromialgia, o grande problema da dor miofascial é que o diagnóstico demora a ser feito. Como a dor é irradiada, muitas vezes o diagnóstico é feito levando-se em conta o trajeto de nervos, não do músculo. Por exemplo, um ponto-gatilho na nádega induz uma irradiação para o membro inferior que lembra muito uma ciática. Porém, neste caso não há compressão do nervo ciático por uma hérnia de disco, mas uma contração muscular intensa com dor irradiada. Esta demora em se fazer o diagnóstico e por conseqüência o tratamento adequado leva a uma contração muscular crônica, que em alguns pacientes predispostos podem começar a envolver toda a musculatura, levando finalmente a fibromialgia.

No paciente com fibromialgia já estabelecida, a presença de pontos gatilhos deve ser detectada, pois esta dor pode “alimentar” o processo de amplificação de dor que já está ocorrendo no paciente. Neste caso, a dor miofascial é chamada de um “gerador periférico de dor central” e o seu tratamento é fundamental para a melhora do paciente como um todo.

Como estes pontos-gatilho são tratados? Habitualmente, o paciente melhora muito com exercícios de alongamento e exercícios aeróbicos. Como o paciente precisa relaxar a musculatura, um bom sono é necessário. A maioria destes pacientes apresenta sono não reparador, como os pacientes com fibromialgia. Medicações para o sono são usadas então para corrigir este fato. Medicações analgésicas e relaxantes musculares também são usadas, para alívio sintomático da dor. Massagem local e acupuntura proporcionam alívio, mas este geralmente é temporário. Uma técnica conhecida como agulhamento, que é a injeção de anestésico local no ponto doloroso, seguida de estimulação com a ponta da agulha, oferece melhores resultados, principalmente se associada com alongamento muscular intensivo.
Eduardo S. Paiva
Reumatologista
Chefe do Ambulatório de Fibromialgia do HC-UFPR, Curitiba.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sinais e Sintomas

A dor é o sintoma mais importante na fibromialgia.
Ela geralmente é sentida em todo o corpo, embora possa começar em uma região, como pescoço ou ombro, e se espalhar para outras áreas após algum tempo.
A dor em fibromialgia tem sido descrita de várias maneiras, dentre as quais ardência, incômodo, rigidez e fisgadas.
Geralmente varia com a hora do dia, tipo de atividade, clima, padrão de sono e estresse.
A maioria das pessoas com fibromialgia dizem que sempre sentem um pouco de dor.
Elas sentem dor principalmente nos músculos e dizem ter a sensação de como se estivesse constantemente gripadas.
Para algumas pessoas com fibromialgia, a dor pode ser severa.
Embora o exame físico geral seja usualmente normal e essas pessoas pareçam sadias, um exame cuidadoso de seus músculos revela áreas bastante sensíveis em determinados locais (veja a figura abaixo).
A presença e padrão desses característicos pontos sensíveis com sintomatologia de dor distingue a fibromialgia de outras condições.




Os círculos desta figura indicam as várias localizações dos pontos sensíveis.
Os critérios de classificação definidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR-1990) são:

História de dor difusa, persistente por mais de três meses, presente tanto do lado direito e esquerdo do corpo, quanto acima e abaixo da cintura. A dor também deve apresentar-se em pelo menos um segmento do esqueleto axial (cervical, torácico, lombossacro);
Dor em 11 dos I8 pontos dolorosos durante a palpação digital realizada com uma pressão aproximada de 4kg/cm2.

São eles:

1 e 2, Occipital (2)
bilateral, nas inserções do músculo suboccipital.

3 e 4, Cervical baixo (2)
bilateral, na face anterior dos espaços intertransversais em C5-C7.

5 e 6,Trapézio (2)
bilateral, no ponto médio da borda superior.

7 e 8, Supraespinato (2)
bilateral, na origem, acima da espinha escapular, próximo da borda medial.

9 e 10, Segunda costela (2)
bilateral, na segunda junção costocondral, lateral às junções nas superfícies superiores.

11 e 12, Epicôndilo lateral (2)
bilateral, 2 cm distal dos epicôndilos.

13 e l4,Glúteos (2)
bilateral, nos quadrantes superiores externos das nádegas na dobra anterior do músculo.

15 e 16,Trocanter maior (2)
bilateral, posterior à proeminência trocantérica.

17 e 18,Joelhos (2)
bilateral, no coxim medial proximal à linha dos joelhos.

Pessoas com fibromialgia reagem com dor quando se pressiona muitos desses locais.